As cirurgias para manguito rotador são indicadas para reparar lesões nos tendões que ajudam a movimentar o ombro. Em geral, os resultados são bons ou muito bons, mas uma complicação relativamente comum é a rigidez do ombro — aquela sensação de travamento ou dificuldade para movimentar o braço.

Estudos mostram que a rigidez pode aparecer em até 30% dos pacientes nos primeiros meses após a cirurgia e, mesmo depois de 6 meses, pode persistir em cerca de 20% dos casos. A boa notícia é que, com o tempo e a reabilitação correta, essa limitação tende a melhorar entre 6 e 12 meses após a operação.
Mas afinal, quem tem mais risco de desenvolver rigidez? Os cinco fatores mais importantes são:
1. Ser mulher.
Pesquisas mostram que mulheres têm quase o dobro de chance de desenvolver rigidez no ombro em comparação aos homens. Ainda não se sabe exatamente o porquê dessa diferença, mas acredita-se que fatores hormonais e características do tecido conjuntivo possam ter influência.
2. Ter diabetes.
O diabetes está associado a uma inflamação mais intensa da cápsula do ombro, o que pode levar a uma cicatrização “exagerada” e, consequentemente, maior rigidez. Estudos mostram que pacientes diabéticos têm quase três vezes mais risco de apresentar o problema. Por isso, manter o controle rigoroso da glicemia antes e depois da cirurgia é fundamental para reduzir esse risco.
3. Ter hipotireoidismo.
Quando a glândula da tireoide funciona mais devagar, ocorre o chamado hipotireoidismo. Essa condição pode afetar o metabolismo dos tecidos e aumentar a chance de rigidez após a cirurgia. Embora nem todos os pacientes com tireoide alterada apresentem o problema, o acompanhamento médico adequado e o uso regular da medicação ajudam a diminuir esse risco.
4. Pouca mobilidade antes da cirurgia.
Parece óbvio mas se o ombro já estava “travado” antes da operação, é mais provável que continue assim depois dela. Isso acontece porque o tecido ao redor da articulação já está mais rígido e cicatrizado. Por isso, alguns médicos recomendam um período de fisioterapia antes da cirurgia, sempre que possível, para ganhar um pouco mais de movimento e melhorar as chances de recuperação no pós-operatório.
5. Atrasar o início da fisioterapia
A fisioterapia tem papel essencial na recuperação após a cirurgia. Quanto mais cedo for iniciada (seguindo as orientações do cirurgião), menores são as chances de o ombro endurecer. Pacientes que demoram a começar os exercícios acabam acumulando tecido cicatricial dentro da articulação, o que aumenta o risco de rigidez.
E se eu tiver rigidez?
Mesmo quando o problema aparece, na grande maioria dos casos a rigidez melhora gradualmente entre 6 e 12 meses após a cirurgia, principalmente com reabilitação bem feita. Em situações raras, quando a limitação é muito persistente, pode ser necessário um procedimento adicional.
Referências:
- Audigé L, Aghlmandi S, Grobet C, Stojanov T, Müller AM, Felsch Q, Gleich J, Flury M, Scheibel M. Prediction of Shoulder Stiffness After Arthroscopic Rotator Cuff Repair. Am J Sports Med. 2021;49(11):3030-3039.
- Burrus MT, Diduch DR, Werner BC. Patient-related Risk Factors for Postoperative Stiffness Requiring Surgical Intervention After Arthroscopic Rotator Cuff Repair. J Am Acad Orthop Surg. 2019;27(7):e319-e323.
- Chung SW, Huong CB, Kim SH, Oh JH. Shoulder stiffness after rotator cuff repair: risk factors and influence on outcome. Arthroscopy. 2013;29(2):290-300.
- Stojanov T, Modler L, Müller AM, Aghlmandi S, Appenzeller-Herzog C, Loucas R, Loucas M, Audigé L. Prognostic factors for the occurrence of post-operative shoulder stiffness after arthroscopic rotator cuff repair: a systematic review. BMC Musculoskelet Disord. 2022;23(1):99.
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