Ter o ombro “saindo do lugar” — ou seja, uma luxação do ombro — é uma experiência extremamente desagradável. Além da dor intensa, é comum que, após o tratamento e o reposicionamento do ombro (redução), surja uma preocupação muito compreensível:
“Será que isso pode acontecer de novo?”
Por que o ombro pode voltar a sair do lugar?
A luxação do ombro ocorre quando o osso do braço (úmero) se desloca da cavidade (encaixe) da escápula, que é a parte da omoplata onde ele se encaixa. Esse deslocamento geralmente causa lesões em estruturas importantes, como ligamentos, tendões e cartilagem, que ajudam a manter o ombro estável (no lugar).
Quando essas estruturas se rompem ou enfraquecem, o ombro pode ficar mais “solto”, aumentando o risco de novas luxações. É o que chamamos de instabilidade do ombro — um tipo de “círculo vicioso”, em que cada novo episódio aumenta a chance de outro acontecer.

Qual é o risco de uma nova luxação?
Em medicina, é difícil falar em números absolutos, pois cada pessoa é diferente. Porém, estudos com grandes grupos de pacientes ajudam a estimar essas probabilidades.
A literatura médica mostra que, em média, 19% a 24% das pessoas terão uma nova luxação nos dois anos seguintes à primeira.
Ou seja, de cada 4 ou 5 pessoas que deslocam o ombro pela primeira vez, uma delas pode ter outro episódio em até dois anos.
Mas esse número pode variar bastante.
Em alguns grupos — especialmente homens jovens e atletas que praticam esportes de contato ou impacto (como futebol, handebol, jiu-jitsu e basquete) — o risco é muito maior.
Nesses casos, a chance de uma nova luxação pode chegar a 80–90% nos primeiros dois anos.
Como evitar que aconteça novamente?
Hoje, consideramos diversos fatores individuais (como idade, tipo de esporte, grau de lesão e estabilidade do ombro) para definir o melhor tratamento — seja conservador (com reabilitação e fortalecimento muscular) ou cirúrgico, para reparar as estruturas lesionadas e reduzir o risco de recorrência.
Referências
- Abane C, Macheix PS, Labattut L, et al. Glenohumeral Bone Lesions Occurring During the First Episode of Shoulder Dislocation Do Not Influence Function at an Average of 2 Years. Journal of Shoulder and Elbow Surgery. 2025;34(6):1417-1425. doi:10.1016/j.jse.2024.09.045
- Kao JT, Chang CL, Su WR, Chang WL, Tai TW. Incidence of Recurrence After Shoulder Dislocation: A Nationwide Database Study. Journal of Shoulder and Elbow Surgery. 2018;27(8):1519-1525. doi:10.1016/j.jse.2018.02.047
- Wasserstein DN, Sheth U, Colbenson K, et al. The True Recurrence Rate and Factors Predicting Recurrent Instability After Nonsurgical Management of Traumatic Primary Anterior Shoulder Dislocation: A Systematic Review. Arthroscopy. 2016;32(12):2616-2625. doi:10.1016/j.arthro.2016.05.039
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